sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Romantismo

Romantismo foi um movimento literário que começou no final do século XVIII, na Europa, quando alguns escritores abandonaram as regras de composição e estilo dos autores clássicos, e passaram a falar da natureza, do sofrimento amoroso num tom pessoal e repleto de melancólico, fazendo da literatura uma forma de desabafo sentimental. Essa nova tendência começou na Alemanha, chegou à Inglaterra e à França, estendendo-se para outros países.Os escritores voltaram-se para a nostalgia dos tempos medievais, época da formação de suas nações, valorizando os heróis e as tradições populares, numa reação à cultura aristocrática que ainda vigorava. No século XIX, o Romantismo atinge sua maior intensidade, tornando-se um traço marcante do Romantismo como estilo de época.O romantismo é todo um período cultural, artístico e literário.
O romantismo nas artes plásticas: 
Neste sector o romantismo deixou importantes marcas. Artista como o espanhol Francisco Goya e o francês Eugéne Delacroix são os maiores representantes da pintura desta fase. Estes artistas representavam a natureza, os problemas sociais e urbanos, valorizavam as emoções e os sentimentos nas suas obras de arte. Na Alemanha, podemos destacar as obras místicas de Caspar David Friedrich, enquanto que na Inglaterra John Constable traçava obras com forte critica à urbanização e aos problemas gerados pela revolução industrial.



Na literatura :
Foi através da poesia lírica que o romantismo ganhou formato na literatura dos séculos XVIII e XIX. OS poetas românticos usavam e abusavam das metáforas, palavras estrangeiras , frases diretas e comparações. OS principais temas abordados eram : amores platônicos, acontecimentos históricos nacionais, a morte e seus mistérios. As principais obras românticas são : Cantos e Inocência do poeta inglês William Blake. Os sofrimentos do jovem Werther e Fausto do alemão Goethe, Baladas Liricas de Wordsworth e diversas poesias de Lord Byron. Na França, destaca-se OS Miseráveis de Victor Hugo e Os Três Mosqueteiros de Alexandre Dumas.  

"Não te amo, quero-te: o amor vem d'alma.E eu n 'alma – tenho a calma, A calma – do jazigo. Ai! não te amo, não. Não te amo, quero-te: o amor é vida.E a vida – nem sentida A trago eu já comigo.Ai, não te amo, não! Ai! não te amo, não; e só te queroDe um querer bruto e fero Que o sangue me devora,Não chega ao coração. Não te amo. És bela; e eu não te amo, ó bela. Quem ama a aziaga estrela Que lhe luz na má hora Da sua perdição? E quero-te, e não te amo, que é forçado, De mau, feitiço azado Este indigno furor.Mas oh! não te amo, não. E infame sou, porque te quero; e tanto Que de mim tenho espanto, De ti medo e terror... Mas amar!... não te amo, não".
(Poema de Almeida Garrett)
Na Música :
Ocorre a valorização da liberdade de expressão , das emoções e a utilização de todos os recursos da orquestra. Os assuntos do cunho popular, folclórico e nacionalista ganham importância nas músicas. 
http://www.youtube.com/watch?v=KpOtuoHL45Y 
(Franz Liszt)

No teatro :
Aqui o romantismo manifesta-se valorizando a religiosidade, o individualismo, o quotidiano, a subjectividade e a obra de William Shakespeares .Os dois dramaturgos mais conhecidos desta época foram Goethe e Friedrich von Schiller. Victor Hugo também merece destaque, pois levou várias inovações ao teatro. Em Portugal, podemos destacar o teatro de Almeida Garrett.

O romantismo em Frei Luís de Sousa:
Apresenta alguns dos tópicos românticos, tais como:
- Sebastianismo - alimentado por Telmo e Maria;
- patriotismo e nacionalismo - além do que decorre do Sebastianismo, deve-se ter em conta o comportamento de Manuel de Sousa Coutinho ao incendiar o seu próprio palácio para impedir que fosse ocupado pelos Governadores ao serviço de Castela;
- crenças e superstições - alimentadas por Madalena, Telmo e Maria, que, sistematicamente, aludiam a agouros, visões, sonhos;
- religiosidade - uma referência de todas as personagens; note-se, no entanto, a religiosidade de Manuel de Sousa Coutinho, que inclui o uso da razão e que determina a entrada em hábito como solução do conflito; Madalena, por exemplo, não compreende a atitude de Joana de Castro, a condessa de Vimioso que se tornou freira (Soror Joana);
- individualismo - o confronto entre o indivíduo e a sociedade é particularmente visível em Madalena;
- tema da morte - a morte como solução dos conflitos é um tema privilegiado pelos românticos; no caso do Frei Luís de Sousa, verifica-se:
- a morte física de Maria (morre tuberculosa);
- a morte simbólica de Madalena e de Manuel, que, ao tomarem o hábito, morrem para a vida mundana;
- morte simbólica de D. João de Portugal que, depois de admitir que morreu no dia em que sua mulher o julgou morto, simbolicamente, morre uma segunda vez, quando Telmo, depois de lhe ter desejado a morte física como única maneira de salvar a sua menina, o seu anjo (Maria), aceita colaborar com o Romeiro no sentido de afirmar que se trata de um impostor, numa última tentativa de evitar a catástrofe;
- morte psicológica de Telmo.
 

Texto Dramático

O texto dramático teve origem no antigo Egipto, tomando forma e desenvolvendo-se mais tarde, na Grécia antiga. A sua origem deveu-se sobretudo a:

-Necessidade de exteriorizar sentimentos;
-Crença que o espírito sobrevive  a morte

O texto dramático é um texto que se destina a ser lido e/ou representado, pode ser escrito em prosa ou em verso e as falas das personagens são introduzidas pelo discurso directo. A acção é apresentada pelas personagens e situa-se num tempo e num espaço. Além destes elementos, há ainda elementos para-linguísticos: as indicações cénicas ou didascálias.

É composto por dois tipos de texto:
1- Texto principal, que corresponde às falas dos atores. É composto por:
  • Monólogo – uma personagem, falando consigo mesma, expõe perante o público os seus pensamentos e/ou sentimentos;
  • Diálogo – falas entre duas ou mais personagens;
  • Apartes – comentários de uma personagem para o público, pressupondo que não são ouvidos pelas outras personagens.

2- Texto secundário (ou didascálias, ou indicações cénicas) que se destina ao leitor, ao encenador da peça ou aos actores. O texto secundário é composto:

  • pela listagem inicial das personagens;
  • pela indicação do nome das personagens no início de cada fala;
  • pelas informações sobre a estrutura externa da peça (divisão em atos, cenas ou quadros);
  • pelas indicações sobre o cenário e guarda roupa das personagens;
  • pelas indicações sobre a movimentação das personagens em palco, as atitudes que devem tomar, os gestos que devem fazer ou a entoação de voz com que devem proferir as palavras.
O texto dramático é constituído por 2 estruturas, a estrutura externa e interna:


Estrutura interna – uma peça de teatro divide-se em:
• Exposição – apresentação das personagens e dos antecedentes da ação;
• Conflito – conjunto de peripécias que fazem a ação progredir;
• Desenlace – desfecho da ação dramática.


Quanto á estrutura externa, o texto dramático pode estar dividido em:
·         Atos- que marcam a transição entre os diferentes espaços em que decorre a ação ( a alteração do espaço implica a mudança de ato);


·         Cenas-sempre que uma nova personagem intervém ou deixa de intervir na ação ( entrado ou saído do palco) dá-se a mudança de cena.
PERSONAGENS
   Classificação quanto à sua concepção:


  • Personagens planas (ou personagens-tipo) – não alteram o seu comportamento ao longo da ação. Representam um grupo social, profissional ou psicológico;
  • Personagens modeladas (ou personagens redondas) – evoluem ao longo da ação, as suas atitudes e comportamentos vão-se alterando e, por isso mesmo, podem surpreender o espectador.
Tipos de caracterização:
  • Direta – a partir dos elementos presentes nas didascálias, da descrição de aspectos físicos e psicológicos, das palavras de outras personagens, das palavras da personagem sobre si própria.
  • Indireta – a partir dos comportamentos, atitudes e gestos que levam o espectador a tirar as suas próprias conclusões sobre as características das personagens.
ESPAÇO
Espaço – o espaço cénico é caracterizado nas didascálias, onde surgem indicações sobre pormenores do cenário, efeitos de luz e som, entre outros. Coexistem normalmente dois tipos de espaço:
  • Espaço representado – constituído pelos cenários onde se desenrola a ação e que equivalem ao espaço físico que se pretende recriar em palco;
  • Espaço aludido – corresponde às referências a outros espaços que não o representado.

TEMPO
  • Tempo da representação – duração da ação, em palco;
  • Tempo da ação ou da história – o(s) ano(s) ou a época em que se desenrola o conflito dramático;
  • Tempo da escrita ou da produção da obra – altura em que o autor concebeu a peça.
INTENÇÕES DO AUTOR
Quando escreve uma peça de teatro, o dramaturgo pode ter uma intenção:
  • Moralizadora (distinguir o Bem do Mal);
  • Lúdica ou de evasão (entretenimento, diversão, riso);
  • Crítica em relação à sociedade do seu tempo;
  • Didáctica (transmitir um ensinamento).