domingo, 6 de abril de 2014

Textos narrativos (descritivos e textos líricos)

Textos descritivos: 



Descrever é caracterizar alguém, alguma coisa ou algum lugar através de características que particularizem o caracterizado em relação aos outros seres da sua espécie. Descrever, portanto, é também particularizar um ser. É "fotografar" com palavras. 
No texto descritivo, por isso, os tipos de verbos mais adequados (mais comuns) são os VERBOS DE LIGAÇÃO (SER, ESTAR, PERMANECER, FICAR, CONTINUAR, TER, PARECER, etc.), pois esses tipos de verbos ligam as características - representadas linguisticamente pelos adjectivos - aos seres caracterizados - representados pelos substantivos. 


Ex. O pássaro é azul. 1-Caracterizado: pássaro / 2-Caracterizador ou característica: azul / O verbo que liga 1 com 2: é



Textos Narrativos:



Uma estrutura narrativa apresenta verbos no pretérito perfeito e predicados de ação relativos a eventos que se referem à primeira ou à terceira pessoa. A narrativa possui uma estrutura própria de organizar a informação. Os eventos são organizados no tempo, de forma tal que o leitor deve sentir a reconstrução de uma experiência e que no final apresente claramente uma avaliação.

Na sucessão dos enunciados da estrutura narrativa sempre ocorre uma mudança, uma transformação de estado com alguém. Observa-se que no texto narrativo ocorrem enunciados de estado e enunciados de ação, os quais fazem acontecer mudanças que dão origem a novas enunciados, novos estados.
As principais características de uma narrativa são:
1. A figurabilidade, isto é, predominância de termos concretos;
2. Mudança de situação;




Texto Lírico:

O texto lírico é aquele que, recorrendo a um discurso denso, expressivo, breve e conciso, permite , artisticamente e com musicalidade e ritmo, exprimir as emoções, os sentimentos, os desejos ou os pensamentos íntimos que nascem ou se apresentam ao espírito, ou seja, ao mundo interior do "eu". No texto lírico, predomina uma voz central, um "eu" que, sem preocupações espácio-temporais, revela o seu olhar sobre o mundo, com que se funde, e aprofunda as suas vivências em ocionais, os seus estados de alma, reflexões, conceções e sentimentos. Usualmente, recorre á enunciação na primeira pessoa, podendo traduzir entusiasmos individuais e coletivos.
A poesia é a forma de literatura que melhor e com mais frequência privilegia o lirismo, embora também o possamos encontrar em diversos textos de prosa. O verso e os recursos sonoros e textuais, como rima, métrica, ritmo, musicalidade e figuras de linguagem favorecem, na poesia, o tratamento desta expressão de sentimentos, das emoções e pensamentos. Isto não invalida a presença da efusão lírica em belíssimos textos de prosa, cuja estrutura frásica, o predomínio da linguagem conotativa e das funções poéticas e emotivas, o vocabulário marcadamente afectivo, ou s imagens permitem exprimir a mensagem individual e intima. o que interessa é a criação onde dominam as preocupações do "EU" que procura comunicar os seus estados de alma e as suas reacções.

Parnasianismo

O vocábulo Parnasianismo deriva de Parnaso, monte da antiga Grécia, consagrado a Apolo, Deus da beleza e da poesia, e às musas. Consequentemente, o parnasianismo procura a pureza e a beleza da arte.
O Parnasianismo surgiu como reacção ao Romantismo sentimentalista (piegas), humanitarismo e apologético(idealista). E, quase pelas mesmas razões, afasta-se ainda do realismo poético . Ao contrário das escolas citadas a que se opõe, o Parnasianismo não é nem pretende ser uma arte útil, comprometida. Antes propugna o ideal da «arte pela arte», uma arte impassível, serena, plástica, mera reprodução da realidade em formas e cores, uma arte onde, mais ou menos, se adivinha o primado do estilo.
Os parnasianistas consideravam que nem o romantismo nem o realismo eram capazes de mostrar ou revelar os conceitos de belo, perfeito e equilibrado. O romantismo era incapaz de o fazer porque idealizava um mundo que não era o real; o realismo também se mostrava ineficaz porque abordava temáticas demasiado polémicas para serem analisadas serena e tranquilamente.
Por estes motivos, o parnasianismo voltou-se para a realidade exterior, directamente observável. Abordaria temas do quotidiano, servindo de repórter/pintor daquilo que era observado. A arte deveria ser uma mera pintura da realidade testemunhada, sem abordar temáticas polémicas nem deixar transparecer sentimentos. Os parnasianistas defendiam o que hoje é tomado como a arte fotográfica, uma arte sem emoções que conferem subjectividade e não expõem a realidade tal qual ela é.
Deste modo, a arte devia ser plástica, minuciosa, mera reprodução de formas e de cores, valorizando o culto da beleza, o aprimorado artesanato do poeta. A arte parnasianista servia-se a si própria, procurando a serenidade, o espectador, a eleição da forma, a fixidez escultórica.
Podemos descobrir no Parnasianismo duas características essenciais:


Objectividade dos temas
A poesia volta-se agora para o mundo exterior. Substitui os temas subjectivos por temas objectivos, afastando do seu conteúdo quaisquer elementos polémicos bem como preocupações político-sociais. Há o repúdio claro por tornar a arte útil, para a colocar ao serviço da sociedade. É difícil, senão mesmo impossível, que o artista crie uma obra sem lhe comunicar um pouco do seu modo de ser pessoal. De qualquer modo, o poeta exporá esses temas tais quais se lhe apresentam na realidade, esforçando-se por não os desfigurar com o sentimentalismo.

A expressão literária exacta e correcta
O esmero da forma é uma das preocupações básicas do Parnasianismo. A objectividade dos temas deve ser expressa em formas impecavelmente correctas, nítidas, picturais, perfeitas, adequadas, evitando qualquer adorno exagerado.

Realismo

O realismo foi um movimento artístico e cultural que surgiu na Europa nas ultimas décadas do séc. XIX, mais concretamente em França. Os integrantes deste movimento odiaram o Neoclassicismo e o Romantismo pois sentiam a necessidade de retratar a vida, os problemas e costumes das classes medias e baixas não inspirada em modelos do passado.

As características gerais do Realismo são: a análise e síntese da realidade com objectividade, em oposição à subjectividade romântica; exactidão, veracidade e abundância de pormenores, com o retrato fidelíssimo da natureza; total indiferença perante o "Eu" subjectivo e pensante perante a natureza (o "Eu" romântico); neutralidade de coração perante o bem e o mal, o feio e o bonito, vício e virtude; análise corajosa de vícios e podridão da sociedade; relacionamento lógico entre as causas desse comportamento (biológicas ou sociais, e a natureza interior e exterior da personagem); admissão de temas cosmopolitas na literatura; uso de expressões simples e sem convencionalismos (por oposição ao tom declamatório romântico).

Principais autores do realismo

Portugal: Eça de Queirós, Antero de Quental
França:(país onde nasceu o movimento) Gustave Flaubert, Balzac e Emile Zola
Inglaterra: William Thackeray e George Eliot
Rússia: Fiódor Dostoievski e Leon Tolstoi

Realismo na Literatura 
Motivados pelas teorias científicas e filosóficas da época, os escritores realistas desejavam retratar o homem e a sociedade em sua totalidade. Não bastava mostrar a face sonhadora ou idealizada da vida, como fizeram os românticos; desejaram mostrar a face nunca antes revelada: a do quotidiano massacrante, do amor adúltero, da falsidade e do egoísmo humano, da impotência do homem comum diante dos poderosos.
Uma característica do romance realista é o seu poder de crítica, adotando uma objetividade que faltou ao romantismo. Grandes escritores realistas descrevem o que está errado de forma natural, ou por meio de histórias como Machado de Assis. Se um autor desejasse criticar a postura de alguma entidade, não escreveria um soneto para tanto, porém escreveria histórias que envolvessem-na de forma a inserir nessas histórias o que eles julgam ser a entidade e como as pessoas reagem a ela.
Em lugar do egocentrismo romântico, verifica-se um enorme interesse de descrever, analisar e até em criticar a realidade. A visão subjetiva e parcial da realidade é substituída pela visão objetiva, sem distorções. Dessa forma os realistas procuram apontar falhas talvez como modo de estimular a mudança das instituições e dos comportamentos humanos. Em lugar de heróis, surgem pessoas comuns, cheias de problemas e limitações. Na Europa, o realismo teve início com a publicação do romance realista Madame Bovary (1857) deGustave Flaubert.
Alguns expoentes do realismo europeu: Gustave Flaubert, Honoré de Balzac, Eça de Queirós, Charles Dickens.


Realismo na Pintura
O historiador Seymour Slive cita que quando se discute o realismo em relação aos pintores de paisagem é importante especificar que esses artistas quase nunca pintavam seus quadros em exteriores. A prática de fazer pinturas ao ar livre só se tornou comum noséculo XIX. Em épocas anteriores as pinturas de paisagem eram quase sempre compostas nos ateliês. Principais pintores realistas:

  • Édouard Manet
  • Gustave Courbet
  • Honoré Daumier
  • Jean-Baptiste Camille Corot
  • Jean-François Millet
  • Théodore Rousseau



Realismo na Música
A Música apresenta os nomes de Tchaikovsky, Berlioz, Brahms e Strauss, o mais realista
de todos, que se propunha a “pintar quadros” meticulosos e que criou o que se chama música “popular”, de dança e entretenimento fácil para grandes públicos, com suas valsas e polcas.
Aos poucos, de uma sociedade dividida em classes, surge uma música dividida em
categorias: erudita e popular.



Realismo para Eça de Queirós
Segundo Eça de Queirós, na 4ª Conferência do Casino a 12 de Junho de 1871, o Realismo é: " a negação da arte pela arte; é a proscrição do convencional, do enfático e do piegas. É a abolição da retórica considerada como arte de promover a comoção usando da inchação do período, da epilepsia da palavra, da congestão dos tropas. É a análise com o fito na verdade absoluta. Por outro lado, o realismo é uma ração contra o romantismo: o romantismo era a apoteose do sentimento; o realismo é a anatomia do carácter. é a critica do homem. É a arte que nos pinta a nossos próprios olhos- para que nos conhecermos, para que saibamos se somos verdadeiros ou falsos, para condenar o que houver de mau na nossa sociedade"

Eça de Queirós definiu o Realismo como "uma base filosófica para todas as concepções de espírito - uma lei, uma carta de guia, um roteiro do pensamento humano, na eterna região do belo, do bom e do justo, é a crítica do Homem, para condenar o que houver de mau na nossa sociedade. É não simplesmente o expor (o real) miudamente, trivial, fotográfico,(...)mas sim partir dele para a análise do Homem e sociedade."


Paralelismo entre romantismo e realismo
Embora alguns manuais de literatura estabeleçam uma grande ruptura entre as propostas estéticas do Romantismo e do Realismo, acreditasse que é possível considerar que há um momento de continuidade entre esses dois importantes momentos na história da literatura. O Romantismo conquistou o direito de registrar e debater os grandes momentos da história nacional dos países que floresceu; o Realismo, a seu modo, amplificou esse interesse e trouxe a reflexão sobre a realidade social e política para o centro das narrativas realistas.
RomantismoRealismo
Pessoaprimeiraterceira
Valorizao que se idealiza e senteo que se é

site: http://pt.wikipedia.org/wiki/Realismo


Naturalismo

Naturalismo difere do Realismo, mas não é independente dele. Ambos crêem que a arte é a representação mimética e objectiva da realidade exterior. Foi a partir desta tendência geral para o Realismo mimético que o Naturalismo surgiu, sendo por isso muitas vezes encarado como uma intensificação do Realismo. As características principais são: tentativa de aplicar à literatura as descobertas e métodos da ciência do séc.XIX (filosofia, sociologia, fisiologia, psicopatologia, etc), tentando explicar as emoções através da sua manifestação física (apresenta, assim, mais razões científicas do que o simples descrever dos factos do Realismo); resultou muitas vezes na escolha de assuntos mais chocantes (alcoolismo, jogo, adultério, opressão social, doenças, as suas causas e consequências), vocabulário mais terra-a-terra, motes mais cativantes ou detalhes mais fotográficos.



O Naturalismo acabou por se tornar uma doutrina (instituiu que o indivíduo era primária e fundamentalmente modelado pela hereditariedade, meio e educação - pela "natureza"), com uma certa visão muito específica (Eça de Queirós chamou-lhe a "forma científica que a arte assume") do Homem e do seu comportamento, tornando-se mais concreto mas também mais limitado que o Realismo, embora que, como os olhos do observador/escritor não são lentes inanimadas, a reprodução da realidade em cada uma das obras Naturalistas, pode reconhecer-se como sendo individual, e os Naturalistas acabam por afastar-se da própria teoria.



Escritores importantes enquadrados neste movimento Realista-Naturalista, são Eça de Queirós, Antero de Quental e Oliveira Martins, por exemplo.