O realismo foi um movimento artístico e cultural que surgiu na Europa nas ultimas décadas do séc. XIX, mais concretamente em França. Os integrantes deste movimento odiaram o Neoclassicismo e o Romantismo pois sentiam a necessidade de retratar a vida, os problemas e costumes das classes medias e baixas não inspirada em modelos do passado.
As características gerais do Realismo são: a análise e síntese da realidade com objectividade, em oposição à subjectividade romântica; exactidão, veracidade e abundância de pormenores, com o retrato fidelíssimo da natureza; total indiferença perante o "Eu" subjectivo e pensante perante a natureza (o "Eu" romântico); neutralidade de coração perante o bem e o mal, o feio e o bonito, vício e virtude; análise corajosa de vícios e podridão da sociedade; relacionamento lógico entre as causas desse comportamento (biológicas ou sociais, e a natureza interior e exterior da personagem); admissão de temas cosmopolitas na literatura; uso de expressões simples e sem convencionalismos (por oposição ao tom declamatório romântico).
Principais autores do realismo
Portugal: Eça de Queirós, Antero de Quental
França:(país onde nasceu o movimento) Gustave Flaubert, Balzac e Emile Zola
Inglaterra: William Thackeray e George Eliot
Rússia: Fiódor Dostoievski e Leon Tolstoi
Realismo na Literatura
Motivados pelas teorias científicas e filosóficas da época, os escritores realistas desejavam retratar o homem e a sociedade em sua totalidade. Não bastava mostrar a face sonhadora ou idealizada da vida, como fizeram os românticos; desejaram mostrar a face nunca antes revelada: a do quotidiano massacrante, do amor adúltero, da falsidade e do egoísmo humano, da impotência do homem comum diante dos poderosos.
Uma característica do romance realista é o seu poder de crítica, adotando uma objetividade que faltou ao romantismo. Grandes escritores realistas descrevem o que está errado de forma natural, ou por meio de histórias como Machado de Assis. Se um autor desejasse criticar a postura de alguma entidade, não escreveria um soneto para tanto, porém escreveria histórias que envolvessem-na de forma a inserir nessas histórias o que eles julgam ser a entidade e como as pessoas reagem a ela.
Em lugar do egocentrismo romântico, verifica-se um enorme interesse de descrever, analisar e até em criticar a realidade. A visão subjetiva e parcial da realidade é substituída pela visão objetiva, sem distorções. Dessa forma os realistas procuram apontar falhas talvez como modo de estimular a mudança das instituições e dos comportamentos humanos. Em lugar de heróis, surgem pessoas comuns, cheias de problemas e limitações. Na Europa, o realismo teve início com a publicação do romance realista Madame Bovary (1857) deGustave Flaubert.
Alguns expoentes do realismo europeu: Gustave Flaubert, Honoré de Balzac, Eça de Queirós, Charles Dickens.
Realismo na Pintura
O historiador Seymour Slive cita que quando se discute o realismo em relação aos pintores de paisagem é importante especificar que esses artistas quase nunca pintavam seus quadros em exteriores. A prática de fazer pinturas ao ar livre só se tornou comum noséculo XIX. Em épocas anteriores as pinturas de paisagem eram quase sempre compostas nos ateliês. Principais pintores realistas:
- Gustave Courbet
- Honoré Daumier
- Jean-Baptiste Camille Corot
- Jean-François Millet
- Théodore Rousseau
Realismo na Música
A Música apresenta os nomes de Tchaikovsky, Berlioz, Brahms e Strauss, o mais realista
de todos, que se propunha a “pintar quadros” meticulosos e que criou o que se chama música “popular”, de dança e entretenimento fácil para grandes públicos, com suas valsas e polcas.
Aos poucos, de uma sociedade dividida em classes, surge uma música dividida em
categorias: erudita e popular.
Realismo para Eça de Queirós
Segundo Eça de Queirós, na 4ª Conferência do Casino a 12 de Junho de 1871, o Realismo é: " a negação da arte pela arte; é a proscrição do convencional, do enfático e do piegas. É a abolição da retórica considerada como arte de promover a comoção usando da inchação do período, da epilepsia da palavra, da congestão dos tropas. É a análise com o fito na verdade absoluta. Por outro lado, o realismo é uma ração contra o romantismo: o romantismo era a apoteose do sentimento; o realismo é a anatomia do carácter. é a critica do homem. É a arte que nos pinta a nossos próprios olhos- para que nos conhecermos, para que saibamos se somos verdadeiros ou falsos, para condenar o que houver de mau na nossa sociedade"
Eça de Queirós definiu o Realismo como "uma base filosófica para todas as concepções de espírito - uma lei, uma carta de guia, um roteiro do pensamento humano, na eterna região do belo, do bom e do justo, é a crítica do Homem, para condenar o que houver de mau na nossa sociedade. É não simplesmente o expor (o real) miudamente, trivial, fotográfico,(...)mas sim partir dele para a análise do Homem e sociedade."
Paralelismo entre romantismo e realismo
Embora alguns manuais de literatura estabeleçam uma grande ruptura entre as propostas estéticas do Romantismo e do Realismo, acreditasse que é possível considerar que há um momento de continuidade entre esses dois importantes momentos na história da literatura. O Romantismo conquistou o direito de registrar e debater os grandes momentos da história nacional dos países que floresceu; o Realismo, a seu modo, amplificou esse interesse e trouxe a reflexão sobre a realidade social e política para o centro das narrativas realistas.
Romantismo | Realismo | |
---|---|---|
Pessoa | primeira | terceira |
Valoriza | o que se idealiza e sente | o que se é |
site: http://pt.wikipedia.org/wiki/Realismo
Naturalismo
O Naturalismo difere do Realismo, mas não é independente dele. Ambos crêem que a arte é a representação mimética e objectiva da realidade exterior. Foi a partir desta tendência geral para o Realismo mimético que o Naturalismo surgiu, sendo por isso muitas vezes encarado como uma intensificação do Realismo. As características principais são: tentativa de aplicar à literatura as descobertas e métodos da ciência do séc.XIX (filosofia, sociologia, fisiologia, psicopatologia, etc), tentando explicar as emoções através da sua manifestação física (apresenta, assim, mais razões científicas do que o simples descrever dos factos do Realismo); resultou muitas vezes na escolha de assuntos mais chocantes (alcoolismo, jogo, adultério, opressão social, doenças, as suas causas e consequências), vocabulário mais terra-a-terra, motes mais cativantes ou detalhes mais fotográficos.
O Naturalismo acabou por se tornar uma doutrina (instituiu que o indivíduo era primária e fundamentalmente modelado pela hereditariedade, meio e educação - pela "natureza"), com uma certa visão muito específica (Eça de Queirós chamou-lhe a "forma científica que a arte assume") do Homem e do seu comportamento, tornando-se mais concreto mas também mais limitado que o Realismo, embora que, como os olhos do observador/escritor não são lentes inanimadas, a reprodução da realidade em cada uma das obras Naturalistas, pode reconhecer-se como sendo individual, e os Naturalistas acabam por afastar-se da própria teoria.
Escritores importantes enquadrados neste movimento Realista-Naturalista, são Eça de Queirós, Antero de Quental e Oliveira Martins, por exemplo.
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