terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Frei Luís de Sousa ( tempo, acção,espaço, características)




Caracterização das personagens :
Madalena de Vilhena
É uma heroína romântica, vive marcada por conflitos interiores e pelo passado. Os sentimentos e a sensibilidade sobrepõe-se à razão e é uma mulher em constante sofrimento. Crê em agoiros, superstições e dias fatais (a sexta-feira). É uma sofredora, tem um amor intenso e uma preocupação constante com a filha Maria, contudo coloca a cima de tudo a sua felicidade e amor ao lado de Manuel  de Sousa, mesmo o seu amor à pátria é menor do que o que sente por Manuel. No final da obra, aceita o convento como solução,  mas fá-lo seguindo Manuel (ele foi? Eu vou).

Manuel de Sousa Coutinho
É o típico herói clássico, dominado pela razão, que se orienta por valores universais, como a honra, a lealdade, a liberdade; é um patriota, um velho português às direitas, forte, corajoso e decidido (o incêndio), bom marido, pai terno, não sente ciúmes do passado e não crê em agoiros. O incêndio e a decisão
violenta de o concretizar é um traço romântico.
            Contudo, esta personagem evolui de uma atitude interior de força e de coragem e segurança para um comportamento de medo, de dor, sofrimento, insegurança e piedosa mentira no acto III quando teme pela saúde da filha e pela sua condição social.
            No final da obra, mostra-se tão decidido como noutros momentos: abandona tudo (bens, vida, mundo)e refugia-se no convento.

Maria de Noronha
            É a mulher-anjo dos românticos (fisicamente é fraca e frágil; psicologicamente é muito forte).
            Nobre, de inteligência precoce, é muito culta, intuitiva e perspicaz. Muito curiosa, quer saber tudo... É uma romântica: é nacionalista, idealista, sonhadora, fantasiosa, patriota, crente em agoiros e uma sebastianista.
            É a vitima inocente de toda a situação e acaba por morrer fisicamente, tocada pela vergonha de se sentir filha ilegítima (está tuberculosa).

          
D. João de Portugal
            Nobre cavaleiro, está ausente fisicamente durante o I e o II acto da peça. Contudo, está sempre presente na memória e palavras de Telmo, na consciência de Madalena, nas palavras de Manuel e na intuição de Maria.
            É sempre lembrado como patriota, digno, honrado, forte, fiel ao seu rei; quando regressa, na pele do Romeiro é austero e misterioso, representa um destino cruel, é implacável, destrói uma família e a sua felicidade, mas acaba por ser, também ele, vitima desse destino. Resta-lhe então a solidão, o vazio e a certeza de que ele já só faz parte do mundo dos mortos (é “ninguém”; madalena não o reconhece; Telmo preferia que ele não tivesse voltado pois Maria ocupou o seu lugar no coração do velho escudeiro):
            D. João é uma figura simbólica: representa o passado, a época gloriosa dos descobrimentos; representa também o presente, a pátria morta e sem identidade na mão dos espanhóis / e é a imagem da pátria cativa.


Telmo Pais
            É o velho aio, não é nobre, contudo a sua convivência com as famílias nobres, “deu-lhe” todas as características de um nobre (postura, fala, educação, cultura...).
            É o confidente de Madalena e de Maria.  Fiel, dedicado, é o elo e ligação entre as duas famílias (os dois maridos de Madalena), é a chama viva do passado que alimenta os terrores de Madalena.
É muito critico, cria juízos de valor e é através dele que  consciência das personagens fragmentada que vive num profundo conflito interior pois sente-se dividido entre D, João e Maria, não sabendo o que fazer.
É um sebastianista e sofre muito pela sua lealdade.
Frei Jorge
            Irmão de Manuel de Sousa, representa a autoridade de Igreja. É também confidente de Madalena, pois é a ele que ela confessa o seu “Terrível” pecado: amou Manuel de Sousa ainda D. João era vivo. É um uma figura moderadora, que procura harmonizar o conflito, modera os sentimentos trágicos. Acompanha sempre a família, é conciliador, pacificador e impõe uma certa racionalidade, procurando manter o equilíbrio no meio de uma família angustiada e desfeita.



http://www.youtube.com/watch?v=kXKLZ8JcxVo
( video de Frei Luís de Sousa)



                                                                                                               








Classificação da obra " Memória ao conservatório real" e características do drama romântico e tragedia clássica em Frei Luis de Sousa


Drama ou tragédia?

No texto “ Memória ao Conservatório Real”, Garrett refere que, apesar de se contentar com o titulo de drama para a sua obra ,esta apresenta características do antigo género trágico (“contento-me para a minha obra com o titulo modesto de drama: só peço que não a julguem pelas leis que regem, ou devem reger, essa composição de forma e índole nova ; porque a minha, se na forma desmarece de categoria, pela índole há-de ficar pertencendo sempre ao antigo género trágico.”).


Ora a tragédia clássica centra a sua acção num conflito entre os Homens e os deuses : á arrogância do ser humano ao ansiar pela liberdade, os deuses respondem com um castigo que se traduz na catástrofe. Por outro lado, o drama romântico assenta no real, que resulta da combinação do sublime e do grotesco; o drama espelha a realidade social num dado momento e retrata o homem como vítima do destino e dos deuses, mas como ser responsável pelos seus próprios actos e paixões.


Características da tragédia clássica presentes em Frei Luís de Sousa
- Existência de um número reduzido das personagens.
- Personagens pertencentes a estratos sociais elevados.
- Condensação do tempo em que a acção decorre.
- Existência de poucos espaços.
- Acção sintética, isto é, existe um número reduzido de acções a convergir para a acção trágica.
- Reminiscência do coro da tragédia classica em Frei Jorge e Telmo Pais.

- Existência de momentos que retardam o desenlace trágico.
- Ambiente trágico marcado por uma solenidade clássica.
- Presença de elementos da tragédia clássica como :
 Ananké ( destino) – responsável pela ausência e cativeiros de D. João de Portugal durante vinte e um anos e pela mudança da família de Manuel Sousa Coutinho para o palácio de D. João de Portugal;
·         Hybris (desafio) – presente essencialmente no casamento de Dona Madalena  com Manuel de Sousa Coutinho, sem a confirmação da morte do seu primeiro marido, e no incendio do palácio de Manuel Sousa Coutinho pelo próprio;
·         Agón ( conflito) – manifesta-se a nível psicológico nos conflitos interiores e dilemas vividos por Telmo e Dona Madalena;
·         Anagnórisis (reconhecimento) – momento de identificação do romeiro como D. João de Portugal.
·         Peripéteia (peripécia) – aparecimento de D. João de Portugal e as suas consequências imediatas- ilegitimidade do casamento de dona Madalena e de Manuel Sousa Coutinho, ilegitimidade de sua  filha, morte espiritual do casal ;
·         Climax( a tensão emocional vai aumentando gradualmente ate ao momento da maior tensão emocional)- final do segundo ato, com o reconhecimento do romeiro;
        Pathos (sofrimento)  - sofrimento das diversas personagens devido ás incertezas que as assolam, aso sentimento de culpa (no caso de D. Madalena) e á dissolução da família;
·         Katastrophé (catástrofe)- morte de Maria, separação e morte espiritual do  casal, desgosto de Telmo e consciencialização de D. João de que já não faz parte do mundo daqueles que amou;
·         Cathársis (purificação) – renuncia ao prazer mundano pelo casal, que se refugia no convento , e ascensão de Maria ao espaço celeste, devido á sua inocência.

Características do drama romântico presente em Frei Luís de Sousa:
- o texto escrito em prosa;
- a critica social aos preconceitos que vitimam inocentes (como Maria);
- a situação real que subjaz á ação da peça, o que reitera a preocupação de Garrett com a verdade e a realidade dos acontecimentos;
- o Homem como alvo de atenção analítica;
- A exaltação dos valores patrióticos e nacionais (sobretudo através de Manuel Sousa Coutinho) ;
- as superstições e agouros populares que retratam a cultura portuguesa ;
- a religião crista como um consolo;
- o realismo psicológico que caracteriza a transformação dos sentimentos de Telmo, dividido entre o amor a D. João e a D. Maria de Noronha;
- a projecção da experiência pessoal do autor, que possuía uma filha ilegítima de Adelaide Pastor Deville, por quem se apaixonara ainda casado com Luísa Midosi;
- a morte de Maria em palco;
- o não cumprimento da lei das três unidades da tragédia (unidade de ação , de espaço e de tempo)




Comunicado

Comunicado é um texto cativante, inédito, verdadeiro, objectivo e denotativo. Um comunicado representa um antónimo de comunicação já que este não espera obter uma resposta por parte do receptor, enquanto que para haver comunicação têm que pelo menos existir um emissor e um receptor. Os comunicados são escritos para anunciar alguma ideia ou lei (comunicar algo a alguém).


Características :
Em geral, o comunicado contém informação voltada para os próprios jornalistas, como a troca nos números de telefone da instituição ou o cancelamento de uma entrevista colectiva, por exemplo.
Ao primeiro paragrafo chama-mos de introdução ou lead. Alguns apresentam introdução de acordo com a estrutura do texto narrativo. Outros têm, logo no inicio, um parágrafo-síntese da matéria que o resto do texto desenvolve (data, hora, local, entidade/s predominantemente envolvida/s)
Os restantes parágrafos têm tendência a ser curtos, com uma linguagem simples e muito clara e contêm as informações ordenadas das mais importantes para as menos importantes.
Tipos de comunicado: 
Existem diversos tipos de comunicado: de reunião, de evento, de modificação de um local ou uma data, etc. Irá depender do objetivo do comunicado. Se for comunicar sobre uma reunião, então teremos o comunicado de reunião, se for para informar sobre um determinado evento, então será um comunicado de evento e, assim, sucessivamente. 

Exemplo de um comunicado: